Dia Nacional do Solo alerta para preservação do bem mais precioso para subsistência humana

O dia 15 de abril foi instituído pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) como o Dia Nacional da Conservação do Solo, uma data que tem como objetivo ampliar a conscientização sobre a importância de preservar a saúde desse que é o maior patrimônio do produtor rural e essencial para a subsistência humana.
“O solo é onde a vida se encontra. Essa vida é a chave da fertilidade, que sustenta a produção agrícola e, por consequência, a alimentação de todos os seres vivos”, descreve o professor e pesquisador Ricardo Ralish.
Para o professor Telmo Amado, também pesquisador especializado em solos, o solo é vivo e dinâmico.
“Ele ameniza secas, excesso de chuva e é essencial para a segurança alimentar e o equilíbrio ambiental. Cuidar dele é um dever de todos”, afirma.
Cuidados que geram produtividade
Quando o solo é tratado de forma adequada, os resultados aparecem de diversas maneiras: da resistência a extremos climáticos até o aumento da produtividade — refletindo diretamente na rentabilidade do produtor.
Os produtores Luiz Eduardo Rico, da Fazenda Paraná, e Salvador Rico Filho, da Fazenda Tangará — ambas localizadas no distrito de Irerê, em Londrina (PR) — são exemplos claros de como o solo responde aos devidos cuidados.
Em 12 hectares da propriedade, Luiz Eduardo intensificou, nos últimos dois anos, o programa Construção do Perfil do Solo (CPS), desenvolvido há mais de uma década pela Belagrícola. No primeiro ano, sua produção aumentou 20%; no segundo, o crescimento foi de 25%.
Na Fazenda Tangará, com 44 hectares, os resultados foram semelhantes. A cobertura verde melhorou a qualidade das plantas e, mesmo com estiagem, a tolerância à deficiência hídrica foi fundamental para a manutenção da produtividade.
Já Adão De Pauli, da Fazenda Guarita, no distrito de Paiquerê (Londrina), vem trabalhando o solo há algum tempo. No último ano, com o auxílio de dados e planilhas, comprovou resultados financeiros positivos em 131 hectares. Em dois talhões, realizou análise de solo, adubação verde com plantas de cobertura, calagem e, mesmo com perdas pontuais por pancadas de chuva, obteve boa produtividade. Atualmente, planta trigo e um mix de cobertura, expandindo o CPS para outras áreas da fazenda.
Conhecimento e tecnologia
Para Marcel Romanini Fontana, agrônomo e consultor da Belagrícola, a realidade desses produtores reforça a relevância do programa, que se fortalece a cada ano e combina conhecimento técnico e tecnologia — desde o levantamento de dados e diagnósticos, até análises em laboratórios de qualidade e compilação de resultados em plataformas digitais, o que permite melhor tomada de decisão e otimização de recursos.
Quem está iniciando também já percebe os impactos. Na propriedade do produtor Eduardo Martins, em Alvorada do Sul (PR), 2024 foi o primeiro ano com manejo de cobertura em área solteira. Segundo ele, a soja plantada apresentou maior resiliência ao estresse hídrico e menor incidência de pragas em comparação às áreas vizinhas.
“Para a safra 25/26 não vou plantar milho. Decidi fazer cobertura vegetal em toda a propriedade, utilizando mix de plantas de cobertura, Brachiaria ruziziensis e também piatã”, explica Eduardo.
Seu consultor da Belagrícola, Leonardo Gabriel Sales, complementa: “O incentivo ao cuidado com o solo mantém a biodiversidade e prepara a planta para enfrentar melhor as adversidades climáticas.”
Benefícios que vão além da produtividade
O agrônomo Alexandre Yamamoto, coordenador do programa CPS na Belagrícola, destaca os principais benefícios constatados em áreas com soja, trigo e milho:
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Aumento de produtividade de 10% a 35%, podendo ser ainda maior em alguns casos;
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Incremento da matéria orgânica entre 0,5% e 1% ao ano, melhorando a estrutura do solo, com maior infiltração e retenção de água;
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Aumento da atividade e diversidade biológica, com mais microrganismos benéficos;
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Redução de custos de produção, por meio da otimização no uso de fertilizantes e defensivos;
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Maior resiliência do solo a estresses climáticos e doenças, com menor risco de erosão, uso mais eficiente da água e avanços importantes em sustentabilidade.